Será o cérebro apenas o hospedeiro biológico da mente? Perguntas como essa pertencem diretamente ao âmbito central da discussão da Filosofia da Mente. E, contemporaneamente, pesquisadores de diversas áreas contribuem para a tentativa de explicação de tais argüições.O caráter eminente interdisciplinar da Filosofia da Mente é fator incontestável de contribuição para sua atividade. Uma das grandes correntes que se apresenta como suficiente para tratar das questões da Filosofia da Mente é o Dualismo. O Dualismo aparece na história da filosofia desde seus primórdios. Relembremos, por exemplo, a já apresentada cisão entre corpo e alma contida nos textos platônicos. Mas, para a Filosofia da Mente, o principal pensador que vai nos deixar uma herança que até hoje é sempre discutida quando se trata de problemas acerca do mental versus cerebral é René Descartes. Descartes cria o que fica conhecido como Dualismo de Substância. O Dualismo de Substância cartesiano é radical no sentido de propor que existam duas realidades de substâncias completamente distintas: Uma corporeidade – res extensa, passível de divisão; E outra completamente imaterial – res cogitans, substância do pensamento, razão, alma, espírito. Para Descartes havia também uma hierarquia entre estas substâncias, pois res cogitans era o local onde o divino poderia ser mais facilmente se fazer presente, Descartes vai dizer que Deus é quem coloca as formas geométricas na mente do humanos. É evidente que esta solução cartesiana é deveras bizarra, poderia algo não corpóreo causar o movimento de algo que possua corporeidade!? Por estas e outras críticas, o dualismo cartesiano nos dias atuais é recebedor de severas refutações de pesquisadores em Filosofia da Mente como também das ciências Cognitivas e Neurociências. Devido a dificuldade dos materialistas apresentarem uma teoria que demonstre empiricamente, de modo científico e filosoficamente incontestável, que todo e qualquer evento mental não passa de um determinado estado da matéria, no caso, um estado cerebral, que o dualismo ainda encontra defensores. Não existe nenhum equipamento que apresente exatamente a imagem que eu esteja experienciando neste exato momento, a partir de ataques deste tipo, e cuidando para não cair em armadilhas de um dualismo substancial do tipo cartesiano, que alguns pensadores optaram por defender um tipo diferente de dualismo não mais tão radical. Defensores deste novo tipo de dualismo não admitem duas realidades substanciais o dualista cartesiano. A principal característica do dualismo de propriedades é que ele não admite duas realidades absolutamente distintas como o dualista de substância. O dualista de propriedades caracteriza os eventos mentais como um tipo depropriedade especial , não redutível ao cerebral, mas sim, que deste emerge. A subjetividade estaria diretamente relacionada aos aspectos físicos do cérebro. Entretanto, para o dualista de propriedades, ela jamais poderá ser reduzida a tais elementos com os quais ela necessariamente se relaciona. O mental estaria para além do físico.Podemos destacar a tentativa de resolução de problemas centrais da Filosofia da Mente com é o caso da justificação/solução do Problema da Consciência. Outras questões corroboram e parecem manter viva a esperança desta vertente: como o caso da dificuldade de se encontrar um correlato físico para a saudade, desejo, intenções, padrões lógico-formais. Resistir fortemente ao avanço das demonstrações científicas dos correlatos neurais em relação ao comportamento e/ou aos eventos cujas propriedades físicas ainda não foram demonstradas.
Palavras chave: Dualismo mente, Descartes, materialismo
IVAN CARLOS SCHLUPP
Referência:
você sAbe, filosofia da mente, Nivaldo Machado, Rio do Sul: editora Unidavi, 2011.